J.J.V. McMurray, S.D. Solomon, S.E. Inzucchi, L.
Køber, M.N. Kosiborod,
F.A. Martinez, P. Ponikowski, M.S. Sabatine, I.S. Anand, J. Bělohlávek, M. Böhm, C.-E. Chiang, V.K. Chopra, R.A. de Boer, A.S. Desai, M. Diez, J. Drozdz, A. Dukát, J. Ge, J.G. Howlett, T. Katova, M. Kitakaze, C.E.A. Ljungman, B. Merkely, J.C. Nicolau, E. O’Meara, M.C. Petrie, P.N. Vinh, M. Schou, S. Tereshchenko, S. Verma, C. Held, D.L. DeMets, K.F. Docherty, P.S. Jhund, O. Bengtsson, M. Sjöstrand, and A.-M. Langkilde, for the DAPA-HF Trial Committees and Investigators
F.A. Martinez, P. Ponikowski, M.S. Sabatine, I.S. Anand, J. Bělohlávek, M. Böhm, C.-E. Chiang, V.K. Chopra, R.A. de Boer, A.S. Desai, M. Diez, J. Drozdz, A. Dukát, J. Ge, J.G. Howlett, T. Katova, M. Kitakaze, C.E.A. Ljungman, B. Merkely, J.C. Nicolau, E. O’Meara, M.C. Petrie, P.N. Vinh, M. Schou, S. Tereshchenko, S. Verma, C. Held, D.L. DeMets, K.F. Docherty, P.S. Jhund, O. Bengtsson, M. Sjöstrand, and A.-M. Langkilde, for the DAPA-HF Trial Committees and Investigators
N Engl J Med 2019, Sep 19.
Grandes ensaios clínicos envolvendo
pacientes com diabetes tipo 2 (DM2) demonstraram que os inibidores de SGLT2
(iSGLT2) reduzem o risco de hospitalização por insuficiência cardíaca (IC), entretanto,
a maioria dos pacientes nesses ensaios não apresentava IC no basal. Então, este
estudo buscou avaliar a eficácia e segurança da dapagliflozina em pacientes com
IC com fração de ejeção reduzida, independentemente da presença ou não de
diabetes. Foram incluídos pacientes com fração de ejeção ≤ 40% e sintomas de
classe II a IV da New York Heart
Association (NYHA) nível de NT-proBNP de pelo menos 600 pg/mL (ou ≥400 pg/mL se
tivessem sido hospitalizados por IC nos últimos 12 meses ou ≥900 pg/mL se fibrilação ou flutter
atrial). Os pacientes deveriam estar recebendo terapia com dispositivo de IC conforme
necessidade e terapia medicamentosa padrão. Pacientes com DM2 mantiveram com o
tratamento, mas as doses podiam ser ajustadas conforme necessário. Os critérios
de exclusão foram: tratamento recente com efeitos colaterais inaceitáveis
associados a um iSGLT2, diabetes mellitus tipo 1, sintomas de hipotensão ou
pressão arterial sistólica < 95 mmHg e taxa de filtração glomerular estimada
(TFGe) < 30 ml/min/1,73 m2 SC (ou função renal em rápido declínio).
Após uma triagem de 14 dias, 4.744
pacientes de 20 países diferentes, foram randomizados para receber
dapagliflozina (na dose de 10 mg uma vez ao dia) ou placebo correspondente. O
desfecho primário foi um composto de piora da IC ou morte por causas
cardiovasculares (CV). Episódio de piora de IC foi considerado uma
hospitalização não planejada ou uma consulta urgente, resultando em terapia
intravenosa para IC. Um desfecho secundário importante foi um composto de
hospitalização por IC ou morte CV. Os desfechos secundários adicionais foram o
número total de hospitalizações por IC (incluindo admissões repetidas) e mortes
CV, a mudança do basal a 8 meses no escore total de sintomas no Kansas City Cardiomyopathy Questionnaire,
um composto de piora da função renal (declínio sustentado na TFGe de ≥ 50%,
doença renal em estágio terminal ou morte renal) e morte por qualquer causa. As
características dos pacientes e as terapias para IC foram bem equilibradas
entre os grupos no basal (41,8% de cada grupo possuíam DM2).
O desfecho composto primário ocorreu em
386 pacientes (16,3%) no grupo dapagliflozina e em 502 pacientes (21,2%) no
placebo grupo (HR 0,74; IC95% 0,65 a 0,85; P <0,001). As taxas de eventos
para todos os três componentes do desfecho composto favoreceram a
dapagliflozina. Dos pacientes que receberam dapagliflozina, 231 (9,7%) foram
hospitalizados por IC, em comparação com 318 pacientes (13,4%) dos que receberam
placebo (HR 0,70; IC95% 0,59 a 0,83). Morte por causas CV ocorreu em 227
pacientes (9,6%) que receberam dapagliflozina e em 273 (11,5%) que receberam
placebo (HR 0,82; IC95% 0,69 a 0,98). Durante o período do estudo, o número de
pacientes que precisariam ter sido tratados com dapagliflozina para evitar um
evento primário foi 21 (IC95% 15 a 38). A incidência do desfecho secundário
composto de hospitalização por IC ou morte por causas CV foi menor no grupo
dapagliflozina do que no grupo placebo (HR 0,75; IC95% 0,65 a 0,85; P <0,001).
Houve 567 eventos totais (340 hospitalizações por IC e 227 mortes por causas CV
em 382 pacientes) no grupo dapagliflozina e 742 eventos totais (469
hospitalizações por IC e 273 mortes por causas CV em 495 pacientes) no grupo
placebo, o que resultou em um HR de 0,75 (IC95% 0,65 a 0,88; P <0,001). O
aumento na pontuação total no Kansas City
Cardiomyopathy Questionnaire (indicando menos sintomas) foi maior no grupo
dapagliflozina do que no grupo placebo entre o basal e o mês 8 (HR 1,18; 1,11 a
1,26; P<0,001). Um total de 276
pacientes (11,6%) no grupo dapagliflozina e 329 pacientes (13,9%) no grupo
placebo morreram por qualquer causa (HR 0,83; IC95% 0,71 a 0,97). O efeito da
dapagliflozina no desfecho primário foi geralmente consistente entre os
subgrupos, inclusive em pacientes sem diabetes no início do estudo, embora os
pacientes na classe funcional III ou IV da NYHA parecessem ter menos benefício
do que os da classe II. Eventos adversos graves relacionados à depleção de
volume ocorreram em 29 pacientes (1,2%) no grupo dapagliflozina e em 40
pacientes (1,7%) no grupo placebo (P = 0,23). Eventos adversos renais graves
ocorreram em 38 pacientes (1,6%) no grupo dapagliflozina e em 65 (2,7%) no
grupo placebo (P = 0,009). Os eventos adversos raramente levaram à interrupção
do tratamento. Hipoglicemia grave foi rara, assim como a cetoacidose diabética
e Gangrena de Fournier aconteceu somente em um paciente do grupo placebo. A
incidência de fraturas e amputações foi semelhante entre os grupos. Durante o Clube de Revista foram discutidos
os pontos a seguir:
·
A população deste estudo foi distinta dos estudos
anteriores com iSGLT2 pois tinha um risco muito maior de hospitalização por IC
e morte por causas CV;
·
Foi sugerido um menor benefício do tratamento em
pacientes na classe funcional III ou IV da NYHA do que na classe II. No
entanto, os achados em relação a outros subgrupos que também refletiram doença
mais avançada (por exemplo, fração de ejeção mais reduzida, pior função renal e
aumento do nível de NT-proBNP) não foram consistentes com os achados referentes
à classe NYHA;
·
A demonstração dos benefícios cardiovasculares de um
iSGLT2 em pacientes sem diabetes fornece suporte para sugestões anteriores de
que esse tratamento tenha ações benéficas além da redução da glicose.
Pílula
do Clube: Entre os pacientes
com insuficiência cardíaca e fração de ejeção reduzida, aqueles que receberam
dapagliflozina, apresentaram menor risco de agravamento da insuficiência
cardíaca ou morte por causas cardiovasculares e escores de sintomas melhores do
que aqueles que receberam placebo.
Discutido no Clube de Revista de 07/10/2019.
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