Georgianos PI,
Agarwal R.
Diabetes Care 2019,
42(4):693-700
Os inibidores da SGLT-2 (iSGLT-2) estão em evidência no tratamento
do diabetes tipo 2, após ser demonstrado que conferem proteção cardiovascular e
renal. Supõe-se que um dos mecanismos responsáveis por esses benefícios seja a
redução de pressão arterial pelo seu efeito natriurético. No entanto, não é
sabido se há relação de dose-dependência com essas drogas, nem se efeito é
comparável ao da Hidroclorotiazida em dose baixa. Sendo assim, esta
metanálise foi realizada com o objetivo de responder a estes questionamentos e
se os iSGLT-2 poderiam melhorar a pressão arterial ambulatorial em 24 horas,
durante período diurno e noturno, já que este tipo de monitorização é
considerado método mais confiável para predizer eventos cardiovasculares.
Por meio de uma estratégia de busca, foram identificados ensaios clínicos
randomizados (ECR), avaliando o efeito dos iSGLT-2 em pressão ambulatorial, nas
plataformas PubMed/MEDLINE, Embase e Cochrane. Foram incluídos ECR com
seguimento mínimo de 4 semanas, arrolando pacientes adultos com diabetes, em
que o efeito dos iSGLT-2 foi comparado ao placebo ou terapia ativa com
medicações antidiabéticas e/ou hidroclorotiazida. Os estudos elegíves foram
estratificados de acordo com a dose do iSGLT-2 (baixa versus alta, esta última
considerada dose máxima recomendada). Foram incluídos 7 estudos, dos 289 inicialmente
identificados, englobando 2.381 pacientes. Apenas em 2 estudos, a hidroclorotiazida
(12,5-25mg/dia) foi utilizada como comparador, sendo 65 o número total de
participantes randomizados para esta droga. Duração do seguimento variou de
4-12 semanas. Terapia anti-hipertensiva prévia foi avaliada e continuada em 6
estudos, mas modificação da intensidade do tratamento era proibida. Realizada
análise do risco de viés, considerado baixo nos estudos. Não foi encontrada
heterogeneidade entre eles.
Comparativamente ao placebo, os iSGLT-2 reduziram a pressão arterial 24h
sistólica e diastólica em 3,62 mmHg (IC95% -4,23 a -2,94) e 1,7 mmHg (IC95%
-2,13 a -1,26) respectivamente, com maior redução na diurna. Não houve
diferença na magnitude da redução da pressão arterial de acordo com dose do
iSGLT-2. Na baixa dose, houve redução na pressão sistólica de -3,5 mmHg (IC95%
-4,67 a -2,32) e na pressão diastólica -1,62 (IC95% -2,32 a -0,91). Na alta
dose, -3,73 mmHg (IC95% -4,57 a -2,88) na pressão sistólica e -1,67 mmHg (IC95%
-2,25 a -1,10) na diastólica. Quando hidroclorotizida foi comparada ao placebo,
havia redução -3,46 mmHg (IC95% -6,15 a -0,77) na pressão sistólica e -2,23
mmHg (IC95% -4,34 a -0,12), que seria semelhante ao iSGLT-2. Não houve
associação entre redução pressórica causada pelos iSGLT-2 e pressão basal. Foi
discutido no clube:
- Esta nova revisão sistemática adicionou apenas um estudo à uma metanálise prévia de 2017;
- Foi realizada uma comparação indireta entre
efeito pressórico dos iSGLT-2 e hidroclorotiazida em dose baixa, de forma
inadequada, visto que não foi realizada uma busca abrangente de estudos
comparando esta droga ao placebo. Foram analisados apenas os dois estudos
incluídos nesta metanálise com n=65 pacientes.
Pílula
do clube: o uso de iGSTL-2 demonstrou uma
redução média
3,62/1,7mmHg na pressão ambulatorial de 24 horas, que não é modificada com dose
da medicação, sendo uma boa alternativa terapêutica em pacientes diabéticos e
hipertensos.
Discutido
no Clube de Revista de 21/10/2019.
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