Scirica
BM, Bohula EA, Dwyer JP, Qamar A, Inzucchi SE, McGuire DK, Keech AC, Smith SR,
Murphy SA, Im K, Leiter LA, Gupta M, Patel T, Miao W, Perdomo C, Bonaca MP,
Ruff CT, Sabatine MS, Wiviott SD; CAMELLIA-TIMI 61 Steering Committee and
Investigators.
Circulation
2019, 139(3):366-375.
Em pacientes com sobrepeso ou
obesidade já foi demonstrado que a Lorcaserina, um agonista do receptor de
serotonina 5-HT2C, associa-se à perda sustentada de peso, melhora do controle
glicêmico com redução do risco de progressão para diabetes, sem aumento de
eventos adversos cardiovasculares em comparação ao placebo. O CAMELLIA-TIMI 61
foi um estudo randomizado, duplo-cego, multinacional, em pacientes com índice
de massa corporal ≥ 27, com doença cardiovascular estabelecida (> 40 anos de
idade) ou múltiplos fatores de risco (homens ≥ 50 anos ou mulheres ≥ 55 anos
com diabetes mellitus e no mínimo um fator de risco cardiovascular). No atual
estudo, foram avaliados desfechos renais associados ao uso da Lorcaserina (10 mg
duas vezes ao dia) em comparação ao placebo. Ambos grupos recebiam orientação
nutricional e de atividade física. Foram excluídos pacientes com taxa de
filtração glomerular < 30 ou doença renal terminal. O desfecho renal
primário foi um composto renal de agravo ou surgimento de albuminúria, agravo
ou surgimento de doença renal (TFG), dobrar creatinina sérica, doença renal
terminal (TFG < 15 ou hemodiálise), transplante renal ou morte renal.
Foram randomizados 12000 pacientes
entre fevereiro de 2014 a novembro de 2015 e acompanhados por uma mediana de
3,3 anos. No baseline, em ambos grupos, a mediana de TFG era 76 ml
(63-89) e a excreção urinária de albumina (EUA) 7 mg/g (3,9-20), sendo que 23,8%
tinham TFG < 60 e 19% albuminúria. A Lorcaserina reduziu dois componentes do
desfecho renal primário: agravo ou surgimento de albuminúria (2,7% vs. 3,1%; HR
0,86 IC95% 0,76–0,97; P=0,017)
e agravo ou surgimento de doença renal estratificada pela TFG (2,4% vs. 2,9%;
HR 0,81 IC95% 0,72–0,93; P=0,0018).
Houve melhora em ambos parâmetros no primeiro ano após randomização, sendo a
TFG 1,2 ml maior e a EUA 9 mg/g menor nos pacientes alocados para o grupo
tratamento. Esses resultados foram consistentes entre subgrupos com peso,
função renal e perfis glicêmicos variados. Eventos adversos renais graves foram
infrequentes e semelhantes entre os grupos. Foi evidenciado também, após ajuste
para características basais, que pacientes com doença renal estavam sob risco
aumentado de eventos cardiovasculares maiores. No Clube os seguintes pontos
foram discutidos:
·
O estudo possui como grande limitação o
desfecho composto renal, epecialmente em relação aos desfechos positivos serem
em relação a parâmetros laboratoriais (com tamanho de efeito pequeno) e não a
desfechos clínicos, como evitar evolução para doença renal terminal ou morte de
causa renal;
·
Não se sabe o exato mecanismo pelo qual a
Lorcaserina melhora parâmetros renais, se pela perda ponderal per se ou
por melhora de parâmetros cardiometabólicos. No atual estudo, houve benefício
maior entre pacientes não hipertensos e não houve diferença entre perfis
glicêmicos, sugerindo não haver relação direta com o controle desses fatores.
Pílula do Clube: A Lorcaserina,
juntamente com dieta e modificação de estilo de vida, reduziu o desenvolvimento
ou progressão de doença renal em comparação ao placebo em pacientes com
sobrepeso ou obesidade com doença cardiovascular estabelecida ou fatores de
risco.
Discutido
no Clube de Revista de 16/09/2019.
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