Bruce Neal, Vlado Perkovic, Kenneth W. Mahaffey, Dick
de Zeeuw, Greg Fulcher, Ngozi Erondu, Wayne Shaw, Gordon Law, Mehul Desai, and
David R. Matthews, for the CANVAS Program Collaborative Group
N Engl J Med 2017; 377:644-657
A
canaglifozina é um inibidor do SGLT-2 com reconhecidos efeitos de reduzir
glicemia, peso, e pressão arterial em pacientes com diabetes. Trata-se de um
ensaio clínico randomizado com objetivo de reportar desfechos cardiovasculares
e renais da canagliflozina usada em pacientes com diabetes tipo 2. O artigo traz
dados de dois estudos, CANVAS e CANVAS-R, totalizando 10.142 pacientes. Foram
incluídos pacientes com diabetes tipo 2, idade de 30 anos ou mais e história de
doença cardiovascular (DCV) sintomática ou com mais de 50 anos e fatores de
risco cardiovasculares. Pacientes com taxa de filtração glomerular < 30ml/min
foram excluídos do estudo. A randomização foi de 1:1:1 para canaglifozina 100 mg,
300 mg ou placebo. O estudo foi duplamente cegado até o final. O desfecho
primário foi um composto de morte por causa cardiovascular, infarto agudo do
miocárdio não fatal e AVC não fatal. A idade média dos participantes foi de 63,3
anos, 35% eram mulheres, 65% tinham DCV prévia e uma média de 13 anos de
diabetes. O desfecho primário foi menor em pacientes em uso de canagliflozina (HR
0,86 IC95%0,75–0,97 P=0,02 para superioridade). Quando analisados separadamente,
não houve benefício nos desfechos morte por qualquer causa (HR 0,87 IC95% 0,72–1,06)
e infarto do miocárdio não fatal (HR 0,85 IC95% 0,69-1,05). Quanto aos
desfechos renais houve menor progressão da albuminúria (HR 0,73 IC95% 0,67–0,79).
Os pacientes em uso de canaglifozina tiveram mais amputações (HR 1,97 IC95% 1,41-2,75)
e mais fraturas quando comparados com o placebo (HR 1,26 IC95% 1,04–1,52).
Durante o Clube de Revista, os seguintes pontos foram discutidos:
·
Apesar do estudo demonstrar benefício quando
analisado o desfecho primário não houve benefício quando analisados os desfechos
que o compunham separadamente, o que foi diferente do observado com a
empagliflozina no ECR EMPA- REG;
·
Maior número de amputações e fraturas nos
pacientes que utilizaram canagliflozina são eventos adversos que preocupam e
devem ser considerados ao prescrever este medicamento, em especial para
pacientes com vasculopatia periférica;
·
A melhora de alguns desfechos pode ser dever
também à diminuição da pressão arterial, além da melhora do controle glicêmico.
Pílula
do Clube: A canaglifozina demonstrou segurança
cardiovascular, contudo não demonstrou benefício com relação ao placebo quando
avaliados separadamente os desfechos mortalidade geral, IAM e AVC não fatal. Os
pacientes em uso de canagliflozina apresentaram maior número de amputações e
fraturas.
Discutido
no Clube de Revista de 03/07/2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário