Robert
Scragg, Alistair W. Stewart, Debbie Waayer, Carlene M. M. Lawes, MBChB, Les
Toop, MBChB, John Sluyter, Judy Murphy, Kay-Tee Khaw, MBBChir, Carlos A.
Camargo Jr.
JAMA Cardiol 2017, 2(6):608-616.
http://jamanetwork.com/journals/jamacardiology/fullarticle/2615260?widget=personalizedcontent&previousarticle=2615261
O
papel da vitamina D na regulação do metabolismo ósseo já está bem estabelecido,
mas dados da literatura sugerem possível efeito de regulação do sistema imunológico,
efeitos antiproliferativos e benefícios cardiovasculares. Este estudo é um
ensaio clínico randomizado, duplo-cego, placebo-controlado, com objetivo de investigar
a eficácia do uso de altas doses de vitamina D (VD) na diminuição da
incidência de doença cardiovascular (DCV). Foram critérios de inclusão: idade 50
a 84 anos, habilidade em fornecer o consentimento informado por escrito, e ser
morador de Auckland/Nova Zelândia por no mínimo 4 anos antes do estudo. Foram
critérios de exclusão: usar VD em dose > 600 UI/dia, transtornos
psiquiátricos, história de hipercalcemia, nefrolitíase, sarcoidose, doença da paratireóide,
cirurgia de bypass gástrico e estar participando de outro estudo e
cálcio sérico corrigido > 10mg/dL.
Foram
randomizadas 5.110 pessoas para receber vitamina D3 (n = 2.558) ou placebo (n =
2.552), que foram submetidas à entrevista (status
sócio-demográfico/estilo de vida, uso de suplementos de VD e Ca, medicações em
uso/história médica pregressa), medidos peso, altura e pressão arterial e
tiveram amostra de sangue coletada para detectar hipercalcemia; o soro
remanescente foi armazenado para posterior medição de 25-OH-vitamina D e perfil
lipídico. Foram enviadas cartas aos participantes com questionário de adesão auto
relatada e cápsulas de vitamina D₃ oral
em dose inicial de 200.000UI, seguida por dose mensal de 100.000UI ou placebo;
a partir de junho/2013, por razões de custo, 4 cápsulas eram enviadas a cada 4 meses
com lembretes mensais por carta ou e-mail. O objetivo era aumentar os níveis
séricos de 25-OH-vitamina D para 32-40ng/mL. Análises foram feitas por intenção
de tratar; modelo de regressão de risco proporcional de Cox foi usado
para comparar o tempo até o
1º evento cardiovascular, e para calcular o hazard ratio de DCV no grupo
placebo.
Os
pacientes foram acompanhados por mediana de 3,3 anos (2,5 - 4,2 anos). A média
de idade foi de 65,9 anos e 2.969 (58,1%) eram do sexo masculino. Numa amostra
aleatória de 10% dos pacientes, 85% concordaram em retornar aos 6, 12, 24 e 36
meses para coleta de sangue adicional para medir o cálcio corrigido e 25-OH-vitamina
D; foi visto que a VD sérica realmente se elevou, e a média do nível de Ca foi
semelhante entre os grupos (9,2 mg/dL aos 6, 12 e 24 meses e 9,6 mg/dL aos 36m).
Eventos cardiovasculares foram identificados independentemente se os
participantes continuaram a participar ativamente retornando o questionário até
o final, através do National Health Index (dados do Ministério da Saúde
da Nova Zelândia). Ao final do seguimento, 86,6% estavam participando
ativamente. A incidência cumulativa de DCV foi
de 11,8% nos participantes que receberam VD mensalmente e 11,5% nos que
receberam placebo. Durante o clube foram discutidos os seguintes
aspectos:
·
Ensaio
clínico muito bem elaborado e seguido conforme o protocolo;
·
Local
de execução (Nova Zelândia) tem climas temperados e muitas horas de sol, o que
demonstrou a VD sérica basal em torno de 25mg/dL; talvez tal suplementação
reduziria a incidência de DCV em pessoas que morassem em lugares com menos sol
e, consequentemente, com maior deficiência de vitamina D;
·
O
tempo de acompanhamento (mediana 3,3 anos) pareceu suficiente para avaliar o
desfecho proposto.
Pílula do Clube: A
suplementação mensal de vitamina D em altas doses não previne DCV. Este resultado,
portanto, não suporta o uso de suplementação de VD mensal para este objetivo. Os
efeitos da dosagem diária ou semanal no risco de DCV exigem outros estudos.
Discutido no Clube de
Revista de 12/06/2017
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