Linda M. Youngwirth, Mohamed A. Adam, Randall P. Scheri, Sanziana A.
Roman, and Julie A. Sosa
Thyroid 2017, 27(5): 626-631.
http://online.liebertpub.com/doi/abs/10.1089/thy.2016.0132
Nos
pacientes com câncer diferenciado de tireoide (CDT) existem vários fatores de
risco e indicadores de doença avançada, dentre eles: sexo masculino, idade
avançada, volume tumoral e extensão extratireoidiana (ETE), a qual é definida
pelo crescimento tumoral para fora da glândula tireoide, envolvendo tecidos
e/ou órgãos adjacentes. Atualmente, a ETE é utilizada como parte dos sistemas
de estadiamento do CDT, embora pouco se saiba sobre seu impacto nos desfechos
destes pacientes. Trata-se de estudo retrospectivo, observacional, com base no
banco nacional de dados em câncer dos Estados Unidos. Neste estudo foram
selecionados pacientes adultos (≥ 18 anos), incluídos no banco entre 1998 e
2012, com diagnóstico de CDT ou câncer medular de tireoide (CMT). Os pacientes
foram divididos em: sem ETE (T1 e T2); ETE mínima (T3 e < 4 cm) e ETE
extensa (T4 e < 4 cm). Foram excluídos pacientes com tumores > 4 cm e aqueles
com CMT e metástases à distância. Foram avaliadas características demográficas,
clínicas e patológicas. O modelo de razões proporcionais de Cox foi utilizado
para cada tipo histológico com objetivo de identificar fatores associados com a
sobrevida.
Foram
incluídos 241.118 pacientes com CDT; destes 86,9% não apresentavam ETE, 9,1%
ETE mínima e 4% ETE extensa. Quando comparados com os pacientes sem ETE, os
pacientes com ETE mínima e extensa eram mais comumente do sexo masculino,
apresentavam média de idade maior, e maior número de comorbidades. Os tumores
que apresentavam ETE eram maiores (1,4cm vs.
1,8cm vs. 2,0 cm para os grupos sem
ETE, ETE mínima e ETE extensa, respectivamente), apresentavam mais comumente
invasão linfovascular (8,6% vs. 28% vs. 35,1%, respectivamente) e metástases
para linfonodos (32,5% vs. 67% vs. 74,6%, respectivamente) – todos com
P < 0,01. Após ajuste para outras variáveis a presença de ETE mínima e
extensa (HR 1,13 e 1,74, P < 0,01) foi associada com o comprometimento da
sobrevida em pacientes com CDT de maneira independente.
Quanto
ao CMT, foram avaliados 3.415 pacientes, dos quais 87,9% não apresentavam ETE,
7,1% ETE mínima e 5% ETE extensa. Comparados com os pacientes sem ETE, os
pacientes com ETE mínima e extensa eram mais comumente homens, e apresentavam
idade média maior. Os tumores desses pacientes eram maiores (1,7 cm vs. 2,2 cm vs. 2,2cm, respectivamente), apresentavam mais comumente invasão
linfovascular (19,2% vs. 68,9% vs. 79,3%, respectivamente), margens
positivas após tireoidectomia (5,8% vs. 44,1%
vs. 51,9%, respectivamente) e
metástases para linfonodos (39% vs.
90,5% vs. 94,4%, respectivamente) –
todos com P < 0,01. Após ajuste para outras variáveis, ETE extensa (HR 1,63
P=0,01) foi associada com o comprometimento da sobrevida. ETE mínima mostrou
uma tendência a comprometer a sobrevida (HR 1,44 P=0,07). Durante o Clube de
Revista, os seguintes pontos foram discutidos:
·
A
utilização da média e desvio padrão na análise do tamanho tumoral pode não ser
adequada, pois os dados pareciam não ter distribuição normal. Da mesma forma,
não foi descrito se estes dados foram comparados através de teste paramétrico
ou não paramétrico;
·
O
uso da ETE como critério de pior prognóstico vem ocorrendo e tem sido incluído
em todos os consensos e escores de risco do câncer de tireoide, apesar desse
estudo parecer ser o primeiro que avaliou esta questão em grande número de
pacientes e considerando sobrevida como desfecho;
·
O
estudo foi feito com dados de banco de dados, logo não foi possível determinar
o impacto da ETE sobre desfechos mais específicos do câncer de tireoide
(recidiva, doença persistente, morte relacionada).
Pílula do clube: Em pacientes com câncer de tireoide, a
presença de extensão extratireoidiana (mínima ou extensa) está associada ao
comprometimento da sobrevida em especial nos pacientes com CDT.
Discutido no Clube de
Revista de 15/05/2017.
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