segunda-feira, 25 de abril de 2016

Incretin based drugs and the risk of pancreatic câncer: international multicentre cohort study

Laurent Azoulay, Kristian B Filion, Robert W Platt, Matthew Dahl, Colin R Dormuth, Kristin L Clemens, Madeleine Durand, David N Juurlink, Laura E Targownik, Tanvir C Turin, J Michael Paterson, Pierre Ernst for the Canadian Network for Observational Drug Effect Studies (CNODES) Investigators

BMJ 2016, 352:i581.
http://www.bmj.com/content/352/bmj.i581.long

Trata-se de estudo de coorte retrospectiva com caso-controle aninhado conduzido com o objetivo de verificar se o uso de drogas incretinomiméticas (análogos do GLP1 e inibidores da DPP-4) está associado ao aumento do risco de desenvolvimento de câncer (CA) de pâncreas em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Para tanto, foram utilizados registros de 6 bancos de dados eletrônicos que contêm histórico dos pacientes assegurados em planos de saúde do Canadá, Estados Unidos e Reino Unido. Para seleção da coorte inicial do estudo, foram incluídos todos os pacientes > 18 anos que iniciaram tratamento com um medicamento antidiabético (exceto insulina) até 30/06/2013. Após, para a composição da coorte oficial do estudo, foram incluídos todos os pacientes que iniciaram um antidiabético a qualquer momento desde que os incretinomiméticos entraram no mercado, até 30/06/2013, seja o primeiro tratamento ou modificação/acréscimo de droga. Foram excluídos aqueles com diagnóstico prévio de câncer, malformações congênitas pancreáticas, pancreatectomizados e os pacientes com prescrição médica vigente por menos de 1 ano após entrada no estudo, para assegurar um tempo mínimo de uso e minimizar o viés protopático. O seguimento deu-se por pelo menos um ano após a entrada na coorte até diagnóstico de CA de pâncreas, morte por qualquer causa, fim da cobertura do plano de saúde, término do estudo (30/06/2014) ou última data de registro disponível. Para o estudo de caso-controle aninhado, foram considerados casos os pacientes com hospitalização de pelo menos um dia por CA de pâncreas. Para cada caso, foram selecionados 20 controles, pareados por idade, sexo, data de entrada na coorte oficial, duração do DM2 e do follow-up. O desfecho primário consistiu na taxa de incidência de câncer pancreático. A associação entre CA de pâncreas e incretinomiméticos foi medida por hazard ratio, tendo como referência a classe de antidiabético das sulfonilureias. Foram realizadas análises secundárias e de sensibilidade para avaliar a incidência de CA de pâncreas com o tipo de incretinomiméticos, duração do uso, número de prescrições registradas, tempo de latência para CA de pâncreas.
A coorte do estudo incluiu 972.384 pacientes, correspondendo a um seguimento de 2.024.441 pessoas-ano, com mediana de acompanhamento de 1,3 a 2,8 anos, máximo de 8 anos. Nesse período, foram identificados 1.221 casos incidentes de câncer de pâncreas, resultado em uma taxa de incidência de 0,60/1000 pessoas-ano (IC95% 0,57-0,64), semelhante à taxa descrita para a população geral. Não foi observada associação entre uso de incretinomiméticos e CA de pâncreas (HR 1,02, IC95% 0,84-1,23), independentemente da classe, tempo desde a prescrição ou tempo cumulativo de uso. No Clube de Revista foram assinalados os seguintes apontamentos:
      O estudo teve resultados consistentes com outros estudos observacionais publicados que não encontraram associação entre incretinomiméticos e CA de pâncreas;
      Apesar de ser um estudo de banco de dados eletrônico, o tamanho da amostra e as características da população estudada permitem validação externa;
      Foram tomadas diversas medidas para minimizar o viés protopático, que ocorre quando uma droga é utilizada para tratar um dito desfecho e atribui-se a ela a causa desse desfecho;
      Sugere-se que o tempo de latência para o surgimento de CA de pâncreas é de aproximadamente 10 anos, e o tempo máximo de seguimento da coorte foi de 8 anos.

Pílula do Clube: neste estudo de base populacional, o uso de drogas incretinomiméticas, por um período de 1,5 a 3 anos (mediana), não foi associado a um aumento da incidência de CA pancreático, independentemente se análogos do GLP1 ou inibidores da DPP4. Considerando o provável longo período de latência do CA de pâncreas, ainda é necessária a vigilância sobre esse efeito adverso.

Discutido no Clube de revista de 14/03/2016.

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