Peter
J. Snyder, David L. Kopperdahl, Alisa J. Stephens-Shields, Susan S. Ellenberg,
Jane A. Cauley, Kristine E. Ensrud, Cora E. Lewis, Elizabeth Barrett-Connor,
Ann V. Schwartz, David C. Lee, Shalender Bhasin, Glenn R. Cunningham, Thomas M.
Gill, Alvin M. Matsumoto, Ronald S. Swerdloff, Shehzad Basaria, Susan J. Diem,
ChristinaWang, Xiaoling Hou, Denise Cifelli, Darlene Dougar, Bret Zeldow,
Douglas C. Bauer, Tony M. Keaveny.
JAMA
Intern Med 2017, 177(4):471-79.
Os T-trial é um conjunto de sete ensaios clínicos randomizados,
multicêntricos, duplo-cegos, placebo-controlados, envolvendo 12 centros nos
Estados Unidos. Os objetivos primários específicos são testar as hipóteses de
que a reposição de testosterona em homens idosos com concentrações séricas baixas
desse hormônio e com sintomas e/ou anomalias objetivamente medidas em pelo
menos uma das cinco áreas possivelmente associadas a esta alteração (função
física ou sexual, vitalidade, cognição e anemia) resultará em alterações mais
favoráveis nessas anormalidades do que o tratamento com placebo.
O Bone Trial testou a hipótese de que o tratamento com testosterona
poderia aumentar a densidade mineral óssea (DMO) trabecular volumétrica da
coluna lombar em homens com ≥ 65 anos com testosterona sérica < 275ng/dL em duas
dosagens matinais. O desfecho primário foi a alteração da DMO da coluna lombar
(trabecular) em relação à linha de base medida por tomografia computadorizada
quantitativa (QCT). Os desfechos secundários foram: DMO da coluna lombar e
quadril (trabecular e cortical), além da força óssea desses sítios (medida por
análise de elementos finitos [FEA] da TC). Os homens foram avaliados por TC
quantitativa e DEXA da coluna vertebral e quadril, e fraturas clínicas aos 0 e
12 meses. Foi calculado tamanho da amostra (200 indivíduos) e imputação
múltipla foi usada para verificar a influência dos exames ausentes no mês 12 na
análise do desfecho primário, e o método Markov
chain Monte Carlo para imputar valores faltantes. Avaliação foi realizada
por intenção de tratar.
Dos 295 homens que
participaram do Bone Trial (em 9
centros clínicos), 211 preencheram os critérios de inclusão, dos quais 189
(90%) completaram o tratamento e tiveram exames analisados na linha de base e
em 12 meses. Os participantes foram tratados com testosterona ou gel placebo
durante um ano. A dose foi ajustada de forma cegada para atingir um nível
de testosterona normal. O tratamento com testosterona aumentou a DMO média da
coluna lombar trabecular (desfecho primário) em 7,5% (IC95% 4,8-10,3%),
comparado com 0,8% (IC95% -1,9% a 3,4%) no placebo, uma diferença de 6,8%
(IC95% 4,8-8,7%; P<0,001). A diferença média foi menor (4%, IC95% 3-5%) nas
análises de sensibilidade para exames faltantes do mês 12, mas ainda
significativos (P<0,001). A magnitude do aumento % na DMO
trabecular vertebral da linha de base até o mês 12 em homens tratados com
testosterona se associou com alterações na testosterona total (β=0,01, ρ=0,25,
P=0,01) e estradiol (β=0,17, ρ=0,37, P<0,001). O tratamento com testosterona
aumentou a força do osso trabecular da coluna vertebral em 10,8% (IC95%
7,4-14,3%), comparado com 2,4% (IC95% -1 a 5,7%) em homens do grupo placebo; com
diferença de 8,5% (IC95% 6-10,9%; P<0,001). Na DEXA, o tratamento com
testosterona determinou aumento da DMO média (3,3%, IC95% 2,01-4,56%) mais do
que placebo (2,1%, IC95% 0,87-3,36%; P=0,01). No quadril, foi associado com
aumento médio de 1,2% (IC95% 0,19-2,17%) comparado com 0,5% (IC95% -0,45 a 1,46%)
no placebo (P=0,052). No colo do fêmur, foi associado a aumento médio de 1,5%
(IC95% 0,02-2,97%) e placebo de 0,9% (IC95% -0,49% a 2,35%; P=0,27). Durante o
tratamento, 6 fraturas foram relatadas e confirmadas em cada grupo; no ano
subsequente, 3 fraturas ocorreram no grupo de testosterona e 4 no grupo
placebo.O tratamento com testosterona não foi associado a maior incidência de
eventos adversos de próstata ou cardiovasculares do que no grupo placebo.
Durante o clube foram discutidos os seguintes aspectos:
·
Foram
incluídos apenas homens com níveis de testosterona muito baixos e com baixo
risco para doença cardiovascular e Ca de próstata, o que limita a validade
externa;
·
Foram
incluídos homens sem osteopenia ou osteoporose, o que também limita a validade
externa;
·
O
tempo de seguimento foi curto para demonstrar aumento do risco de efeitos
adversos como câncer de próstata e eventos cardiovasculares, bem como efeitos
benéficos (fraturas);
·
Os
desfechos avaliados (primários e secundários) foram todos substitutos (medidas
de DMO por diferentes métodos). Não houve diferença em desfechos clínicos
(fraturas).
Pílula do Clube: Em homens com mais de 65 anos com níveis baixos de
testosterona, sem alto risco cardiovascular e de câncer de próstata, o uso de
testosterona tópica pode melhorar a densidade mineral óssea da coluna vertebral
e osso trabecular medidas por QCT, com benefícios discretos em relação ao
quadril e ao osso cortical.
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