segunda-feira, 20 de junho de 2016

Cholesterol Lowering in Intermediate-Risk Persons without Cardiovascular Disease

Salim Yusuf, Jackie Bosch, Gilles Dagenais, Jun Zhu, Denis Xavier, Lisheng Liu, Prem Pais, Patricio López-Jaramillo, Lawrence A. Leiter, Antonio Dans, Alvaro Avezum, Leopoldo S. Piegas, Alexander Parkhomenko, Katalin Keltai, Matyas Keltai, Karen Sliwa, Ron J.G. Peters, Claes Held, Irina Chazova, Khalid Yusoff, Basil S. Lewis, Petr Jansky, Kamlesh Khunti, William D. Toff, Christopher M. Reid, John Varigos, Gregorio Sanchez-Vallejo, Robert McKelvie, Janice Pogue, Hyejung Jung, Peggy Gao, Rafael Diaz, and Eva Lonn, for the HOPE-3 Investigators

N Engl J Med 2016; 374:2021-2031

O estudo apresentado é um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, conduzido nos 6 continentes em 21 países e 228 centros, com desenho fatorial (rosuvastatina e candersartana/HCTZ). Os resultados apresentados no clube de revista e que serão aqui discutidos se referem ao fator relacionado a administração de rosuvastatina 10mg versus placebo. O estudo selecionou homens com idade superior a 55 anos e mulheres com idade superior a 65 anos e pelo menos um fator de risco adicional: índice cintura-quadril elevado, tabagismo atual ou prévio, disglicemia, insuficiência renal leve, baixos níveis de HDL ou história familiar de doença cardiovascular precoce. Durante o arrolamento, optou-se pela inclusão de mulheres com idade entre 60-65 anos com pelo menos 2 fatores de risco adicionais. Os critérios de exclusão foram: doença cardiovascular estabelecida, indicação ou contraindicação para uso de estatina, inibidor da enzima conversora de angiotensina, bloqueador do receptor da angiotensina 1 ou diurético tiazídico. Período de 4 semanas de adaptação (“run-in”) com tratamento ativo foi realizado. Os participantes que aderiram ao tratamento proposto e não reportaram evento adverso importante foram randomizados. Foram randomizados 12.705 pessoas entre 04/2007 e 11/2010. O primeiro desfecho co-primário do estudo era composto por morte cardiovascular, infarto agudo do miocárdio não fatal e acidente vascular encefálico não fatal. O segundo desfecho co-primário do estudo era composto pelos itens do primeiro desfecho co-primário, acrescido de parada cardíaca reanimada, revascularização e insuficiência cardíaca. O desfecho secundário era composto pelos itens do segundo desfecho co-primário, acrescido de angina com isquemia documentada.
Após 5,6 anos de seguimento, com dados disponíveis de 99,1% da amostra, o estudo foi encerrado. Em relação ao primeiro desfecho co-primário, observou-se que o tratamento ativo (rosuvastatina 10mg QD) reduziu em 24% a incidência do desfecho composto de morte cardiovascular, infarto não fatal e acidente vascular não fatal (HR 0,76 IC95% 0,64 a 0,91; P = 0,002). A redução de risco absoluto observado foi de 1,1% (rosuvastina 3,7%; placebo 4,8%), configurando NNT de 91. Uso diário de 10mg de rosuvastatina também reduziu a incidência do segundo desfecho co-primário. A magnitude deste efeito foi de 25% de redução do risco relativo (HR 0,75 IC9% 0,64 a 0,88; P < 0,001) e 1,3% de redução do risco absoluto (rosuvastina 4,4%; placebo 5,7%). Houve redução do risco da incidência do desfecho secundário em 23% no grupo de tratamento ativo (HR 0,77 IC95% 0,66 a 0,89; P < 0,001), sendo a redução do risco absoluto de 1,4% (rosuvastina 4,8%; placebo 6,2%).  Durante o clube, os seguintes aspectos foram discutidos:
·         A estratégia do uso de rosuvastatina se associou a redução da incidência dos desfechos co-primários em pessoas de risco intermediário. Não se deve extrapolar estes resultados para indivíduos de baixo risco cardiovascular;
·         O período de adaptação (“run-in”) pode comprometer a validade externa do estudo;
·         Os resultados do outro fator em estudo (administração de anti-hipertensivos) está publicada em outro artigo e foram negativos;
·          A “polipílula” de hidroclorotiazida, candesartana e rosuvastatina poderia ser subtituída pela “monopílula” de 10mg diários de rosuvastatina para pessoas de risco cardiovascular global intermediário.

Pílula do clube: o uso de estatinas como estratégia de prevenção primária de eventos cardiovasculares em indivíduos de risco cardiovascular intermediário podem reduzir o risco de eventos cardiovasculares em indivíduos de risco intermediário, com NNT de 91.


Discutido no Clube de Revista de 02/05/2016.

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