sábado, 8 de agosto de 2020

Long-term Effects of Radioiodine in Toxic Multinodular Goiter: Thyroid Volume, Function, and Autoimmunity

 Catarina Roque, Francisco Sousa Santos, Tania Pilli, Gilda Dalmazio, Maria Grazia Castagna, and Furio Pacini


J Clin Endocrinol Metab 2020, 105(7):dgaa214.

https://academic.oup.com/jcem/articleabstract/105/7/dgaa214/5823841?redirectedFrom=fulltext


Dispomos de dados escassos sobre o uso de doses fixas de radioiodo (RAI) no tratamento do bócio multinodular tóxico (BMT) e seus efeitos a longo prazo. Este estudo observacional de uma coorte italiana selecionou 153 adultos com BMT, submetidos ao tratamento com dose fixa de iodo 15mCi, e avaliou os efeitos a longo prazo. Foram avaliados os seguintes desfechos: redução do volume tireoidiano, tempo para redução máxima (nadir) e reganho, função tireoidiana e autoimunidade. 

Quanto ao volume tireoidiano, o tempo de seguimento médio foi de 6,2 ± 2,9 anos. A redução do bócio foi mais significativa no primeiro ano após o iodo (30 ± 17,8%; P<0,001), apresentando queda progressiva nos anos subsequentes, principalmente após o 4º ano. A redução do volume durante o primeiro ano não teve correlação com o volume inicial do bócio (r=0,058). A maioria (60%) dos pacientes atingiu nadir entre o 3-6º ano após RAI (média 3,9 ± 2,2 anos). Houve reganho de volume em 21,8% casos (média 4,4 ± 6,9 mL no 1º ano), porém o volume ao final do seguimento era menor do que o pré-tratamento em todos os pacientes (P=0,005). 

Quanto à função tireoidiana, a taxa de cura ao final do seguimento de 5,7 ± 2,6 anos foi de 89% (61,6% eutireoidismo e 27,4% hipotireoidismo). O tempo médio para o aparecimento do hipotireoidismo foi de 2,7 ± 2,4 anos, com uma incidência anual 4,6% nos primeiros 5 anos e 1,4% após. Durante os 3 primeiros anos de tratamento, a taxa de pacientes com hipertireoidismo reduziu 50% por ano, mostrando que 82% dos pacientes que estavam hipertireoideos ao final do 6º mês ficaram curados ao final do 3º ano. Quanto aos anticorpos, foi observado que a positivação do TRAB está associada a um aumento na recidiva de hipertireoidismo (P=0,004). Durante o Clube de Revista foram discutidos os pontos a seguir:

  • A seleção da amostra, cálculo amostral e perdas não foram bem descritos no estudo;

  • Pacientes em uso prévio de metimazol tinham o medicamento suspenso 20 dias antes do RAI e não há menção de uma justificativa para tal conduta. Este tempo maior do que o necessário e recomendado poderia colocar em maior risco pacientes idosos ou com comorbidades (estudo também não avaliou comorbidades da população);

  • Os dados sobre o assunto são escassos e, apesar das limitações deste estudo, ele nos traz informações úteis sobre a redução de volume e taxas de cura a longo prazo nos pacientes com BMT;

  • Considerando os potenciais efeitos adversos da tireoidectomia (hipoparatireoidismo e disfonia por lesão laríngeo recorrente) e os resultados encontrados, o iodo deve ser considerado sempre que possível no manejo dos pacientes com BMT.


Pílula do Clube: a dose fixa de 15 mCi para tratamento do BMT parece ser segura e efetiva, com altos índices de cura do hipertireoidismo e manutenção da perda de volume tireoidiano a longo prazo.


Discutido no Clube de Revista de 22/06/2020.


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