Sénat MV, Affres H, Letourneau A,
Coustols-Valat M, Cazaubiel M, Legardeur H, Jacquier JF, Bourcigaux N, Simon E,
Rod A, Héron I, Castera V, Sentilhes L, Bretelle F, Rolland C, Morin M,
Deruelle P, De Carne C, Maillot F, Beucher G, Verspyck E, Desbriere R,
Laboureau S, Mitanchez D, Bouyer J; Groupe de Recherche en Obstétrique et
Gynécologie (GROG).
JAMA.
2018, 319(17):1773-1780.
O diabetes gestacional vem aumentando em incidência,
provavelmente associado ao aumento de obesidade e resistência insulínica. Até o
momento, a insulina segue como única alternativa farmacológica recomendada pela
ADA e FDA para o tratamento desta condição. Ensaios clínicos randomizados
realizados ainda não avaliaram complicações neonatais da glibenclamida para
mulheres com diabetes gestacional. O objetivo desse estudo foi comparar a
glibenclamida oral com insulina subcutânea na prevenção de doenças perinatais e
complicações em recém-nascidos de mulheres com diabetes gestacional. Foi
realizado um ensaio clínico randomizado multicêntrico de não inferioridade em 13
hospitais universitários de atendimento terciário na França, incluindo 914
mulheres com gestações únicas e diabetes gestacional diagnosticadas entre 24 e
34 semanas de gestação. Mulheres que necessitaram de tratamento farmacológico
após 10 dias de dieta (run-in) foram randomizadas
para receber glibenclamida (n = 460) ou insulina (n = 454). A dose inicial para
glibenclamida foi de 2,5 mg por via oral uma vez por dia e poderia ser
aumentada se necessário a cada 4 dias até um máximo de 20 mg por dia. A dose
inicial de insulina variou de 4 UI a 20 UI, via SC de 1 a 4 vezes por dia,
conforme necessário, e aumentada conforme aferição de glicemia capilar.
Das 914 pacientes que foram randomizadas (idade
média de 32,8 [DP, 5,2] anos), 98% completaram o estudo. Em uma análise por
protocolo, 367 e 442 mulheres e seus neonatos foram analisados nos grupos glibenclamida
e insulina, respectivamente. O desfecho primário foi composto, incluindo
macrossomia, hipoglicemia neonatal e hiperbilirrubinemia e a frequência deste
foi de 27,6% no grupo glibenclamida e 23,4% no grupo insulina, com uma
diferença de 4,2% (IC de 97,5% unilateral, −∞ a 10,5%; P = 0,19). Houve mais
hipoglicemia neonatal no grupo glibenclamida vs insulina (12,2% vs 7,2% - P = 0,02).
Houve mais satisfação materna com o uso de glibenclamida que com insulina.
Durante o Clube os seguintes pontos foram discutidos:
·
Alguns itens
do desfecho secundário não foram pré-estabelecidos – foram consideradas
análises exploratórias;
·
Preferência não levava em conta que as
mulheres não tinham expertise nos
dois métodos;
·
O estudo não
permite concluir que a glibenclamida não é inferior a insulina. Porém as
complicações não parecem ser maiores que 10,5% em relação a insulina.
Pílula do Clube: Este estudo falhou em mostrar que a glibenclamida
não aumenta a frequência de complicações neonatais em pacientes com DMG. Não
houve diferença no desfecho composto, porém houve mais hipoglicemia neonatal de
forma significativa. Além disso, teve graves erros metodológicos que
comprometem o estudo.
Discutido no Clube de Revista de 14/05/2018.
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