Pinto LC, Rados DV, Barkan SS, Leitão
CB, Gross JL
Sci
Rep. 2018 Jan 15;8(1):782.
Desde o início do uso
clínico, há dúvidas se os medicamentos da classe dos inibidores da enzima dipeptidil
peptidase 4 (iDPP-4) estão associados com maior risco de câncer de pâncreas e
pancreatite aguda. Estudos observacionais, ensaios clínicos randomizados (ECRs)
e revisões sistemáticas mostraram resultados conflitantes sobre o assunto.
Visando avaliar se o risco dessas condições está aumentado com o uso de iDPP-4
os autores desse artigo fizeram uma revisão sistemática com metanálise de ECRs
testando o uso de iDPP-4 em pacientes com diabetes tipo 2. Foram incluídos
estudos com duração de pelo menos 24 semanas e que tivessem reportados os
desfechos de interesse (câncer de pâncreas e pancreatite aguda). Para avaliar o
poder dos achados a técnica de trial
sequential analysis (TSA) foi empregada.
Das 1.034 referências
localizadas na busca inicial, 38 estudos foram incluídos, perfazendo 59 mil
pacientes, sendo que 40 apresentaram câncer de pâncreas e 103 pancreatite
aguda. A incidência de câncer de pâncreas for semelhante entre os grupos (Peto OR
0,65; IC95% 0,35–1,21); por outro lado a chance de pancreatite aguda foi maior
no grupo de pacientes expostos aos iDPP-4 (Peto OR 1,72; IC95% 1,18–2,53)
representando um aumento absoluto de 0,1% ou um NNH de 1.066. A TSA mostrou que
o limiar de futilidade foi cruzado para o desfecho câncer de pâncreas
(excluindo um risco absoluto de 0,1%), mas para pancreatite não há tamanho
amostral suficiente para conclusões definitivas. Durante o Clube de Revista os
seguintes pontos foram discutidos:
·
Os
autores exploraram outros fatores potencialmente associados com os desfechos,
como adjudicação dos eventos e a duração dos estudos individuais;
·
Apesar
de se tratar de um aumento absoluto pequeno e de não ter sido confirmado pela
TSA (limiar de risco não foi cruzado), o achado de um risco 72% no risco de
pancreatite nos pacientes tratados com iDPP-4 é relevante do ponto de vista
clínico;
·
O
tempo de seguimento avaliado pode não ter sido suficiente para o
desenvolvimento do desfecho câncer de pâncreas.
Pílula
do clube: O risco de
desenvolver câncer de pâncreas pelo uso de iDPP-4 é remoto e um risco tão
pequeno quanto 1 caso para cada 1.000 pacientes tratados pode ser excluído.
Para o desfecho pancreatite aguda parece haver aumento de risco com o uso de
iDPP-4, porém esse achado da metanálise direta não foi confirmado com a TSA,
indicando a necessidade de mais dados para conclusões definitivas.
Discutido no Clube de Revista de
22/01/2018.
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