Finlay
A. McAlister, Erik Youngson, Dean T. Eurich
Circ Cardiovasc Qual
Outcomes 2017,10:e003514.
Desintensificação de terapia
hipoglicemiante em indivíduos com DM2 com critérios para tal, objetivando menos
danos aos mesmos, é tendência atual. O estudo é uma coorte retrospectiva com dados
da Optum Insight de 2004 a
2010, buscando avaliar se o nível de HbA1c e o estado de saúde previam a
desintensificação do tratamento para DM. Foram incluídos pacientes com DM2
recentemente diagnosticado, em tratamento ativo, idade ≥ 20 anos com
pelo menos uma internação, com uma
medição de HbA1c, e com dados de comorbidades que permitissem avaliar seu
estado de saúde (N = 99.694). Tais indivíduos foram classificados em 4
categorias de controle glicêmico (HbA1c < 6%, 6-6,4%, 6,5-7,5% ou > 7,5%)
e 3 categorias com base no estado de saúde (relativamente saudável, múltiplas
comorbidades ou frágeis) e avaliou-se se estas categorias se associavam à
descontinuação ou redução de dose de pelo menos um hipoglicemiante. Desintensificação
foi definida como a descontinuação/redução da dose de pelo menos um
hipoglicemiante nos 120 dias após a medida da HbA1c e, para insulina, foi
definida como passar de insulinas de ação curta e longa à ação longa isolada ou
descontinuar a mesma. Foram utilizadas ANOVA e χ² para comparar
características entre níveis de HbA1c, e modelo de regressão logística para
avaliar a interação entre o estado de saúde e a HbA1c.
Embora
as taxas de desintensificação de tratamento tenham sido levemente maiores (20.934
– 21%) em pacientes frágeis vs.
saudáveis (17.944 – 18%), o tratamento para DM foi reduzido ou descontinuado em
menos de 25% de todos os indivíduos, incluindo apenas 21% daqueles com HbA1c
< 6%. Não se encontrou um aumento na desintensificação mesmo após 2008, quando
foram publicados os resultados do estudo ACCORD (aumento na mortalidade em
pacientes em tratamento hipoglicemiante intensivo). Embora a população estudada neste artigo seja mais jovem, ~12% dos
participantes foram classificados como frágeis; e, surpreendentemente, foi
identificado apenas taxas levemente mais elevadas de desintensificação nessa
população, que provavelmente não se beneficia com controle glicêmico intensivo
por apresentar maior risco de hipoglicemia. A conclusão deste estudo
confirma achados de estudos prévios (Veterans’ Administration – média de idade 66 e 78 anos/OptumLabs Data
Warehouse – média de idade 58 anos) em outras populações (média de idade maior – pacientes
mais velhos) de que a desintensificação do tratamento para DM é incomum,
independentemente do estado da saúde, comorbidades ou nível de controle
glicêmico. Durante o clube foram discutidos os seguintes aspectos:
·
Estudo de coorte (observacional) – avaliados fragilidade e estado de saúde
usando dados de prontuário, o que pode ter subestimado a avaliação de algumas
doenças (como dor crônica, depressão, demência);
·
Não foi possível avaliar a desintensificação da insulina, pois as
prescrições médicas normalmente não especificavam as unidades usadas, o que
limita o valor do estudo, já que geralmente o primeiro hipoglicemiante que o
médico costuma reduzir é a própria insulina.
Pílula do Clube: A desintensificação
de hipoglicemiantes é rara, pelo menos em uma população mais jovem, em pacientes
com DM tipo 2 recentemente diagnosticado, havendo tendência ao supertratamento.
Discutido no Clube de
Revista de 21/08/2017.
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