Martyn E. Caplin, Marianne Pavel, Jarosław B. Ćwikła,
Alexandria T. Phan, Markus Raderer, Eva Sedláčková, Guillaume Cadiot, Edward M.
Wolin, Jaume Capdevila, Lucy Wall, M.D., Guido Rindi, Alison Langley, Séverine
Martinez, Joëlle Blumberg and Philippe Ruszniewski, for the CLARINET
Investigators
N Engl J Med 2014; 371:224-233.
Trata-se
de ensaio clínico randomizado, duplo-cego, multicêntrico, controlado com
placebo envolvendo 204 pacientes com tumores neuroendócrinos bem-diferenciados,
em estágio avançado, não-funcionantes e com baixo grau de índice mitótico divididos
em 2 grupos de intervenção: lanreotide de liberação lenta (autogel) 120 mg a
cada 28 dias ou placebo injetável. Foram critérios
de inclusão: tumor neuroendócrino esporádico, bem diferenciado (ki67 < 10%
ou menos de 2 mitoses por campo), não funcionante, com histologia confirmada. O
desfecho primário era o tempo livre de progressão de doença (aferida no centro
principal) em seguimento de 96 semanas ou morte nesse mesmo período. Durante a fase
de run in (3-6 meses) 96% dos
pacientes não tiveram progressão de doença. Maior número de pacientes em uso de
lanreotide não teve progressão de doença (53/101 pacientes sem progressão no
grupo lanreotide; 26/103 pacientes sem progressão no grupo placebo). Não houve
diferença na qualidade de vida ou sobrevida geral entre os grupos. Houve um
leve aumento no índice de complicações gastrintestinais no grupo lanreotide,
porém sem necessidade de suspenção do medicamento. Durante o Clube de Revista,
os seguintes pontos foram ressaltados:
- Lanreotide pode apresentar benefícios na sobrevida sem progressão de doença em tumores neuroendócrinos assintomáticos;
- O lanreotide se associou com poucos efeitos colaterais significantes (colelitíase 10%, hiperglicemia 5% e hipoglicemia 5%);
- Houve intensa participação do patrocinador na confecção do protocolo de pesquisa, análise e manuscrito do artigo, o que pode ter comprometido os resultados descritos.
Pílula do Clube: Apesar das
diretrizes atuais sugerirem apenas observação nos casos de tumor neuroendócrino
indolente, o tratamento clínico com o uso de lanreotide pode oferecer aumento
no tempo livre de progressão de doença nesses pacientes. Entretanto, a intensa
participação do patrocinador no protocolo deve ser entendida como limitante ao
considerar estes resultados.
Discutido no Clube
de Revista de 04/08/2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário